Colunista

A Necessidade de um Dilúvio na Política Brasileira

O Brasil vive um momento em que a política nacional parece atolada em interesses particulares, clientelismo e favorecimento de grupos restritos, deixando de lado o bem comum. Legisladores, executivos e até membros do judiciário se veem frequentemente alinhados a grandes corporações, bancadas específicas e até mesmo a redes de influência que comprometem a essência da democracia. Frente a isso, surge a ideia de um “dilúvio político” – uma necessidade de reinício, limpo e profundo, capaz de restaurar a confiança da sociedade e reconectar o poder público com a finalidade maior: o cuidado coletivo.

Na história bíblica (Gênesis capítulos 6, 7, 8 e 9), Noé preservou na arca apenas o que era essencial: a semente de um mundo novo e a essência da natureza humana. Esse simbolismo serve de reflexão para a política contemporânea. Hoje, o “dilúvio” não é literal, mas simbólico: seria a renovação das estruturas políticas, removendo a corrupção, a coesão de interesses privados e o favorecimento de poucos em detrimento de todos. Seria a oportunidade de preservar apenas o que é essencial: a ética, o compromisso com a população, com a pátria e a responsabilidade de cuidar da sociedade como um todo.

Os três poderes

O Legislativo precisa se afastar da lógica de bancadas de interesses e atuar para a criação de políticas que beneficiem o coletivo. O Executivo precisa resgatar sua função de gestor do bem comum, deixando de atender apenas a pressões econômicas, políticas de grupos específicos e populismo. O Judiciário, por sua vez, precisa manter sua imparcialidade, agindo de maneira justa e transparente, sem se dobrar a interesses escusos de atendado contra a democracia e o estado de direito.

É claro que não se trata de um processo fácil ou rápido. Um “dilúvio político” exige coragem para repensar estruturas, substituir práticas consolidadas corrompidas e reconstruir a confiança da população. Mas, assim como na arca de Noé, é possível emergir dessa transformação preservando o que é mais valioso: a essência da cidadania, a justiça e a responsabilidade coletiva. Somente a partir dessa renovação profunda será possível construir um Brasil mais ético, justo e comprometido com todos os seus cidadãos.

Um recomeço urgente

Em suma, o “dilúvio” político é um chamado ao recomeço. É a oportunidade de limpar a corrupção, abrir espaço para a transparência e reconectar o poder público à sua finalidade primordial: servir ao povo, e não a interesses privados ou internacionais. Sem esse renascimento, continuaremos a navegar em águas turvas, à deriva, incapazes de atender às necessidades reais da sociedade e de alcançar, nos próximos anos, o patamar de novo império mundial, mesmo possuindo terras férteis e uma população que ama seu país não apenas na Semana da Pátria.

Por Judinei Vanzeto, SAC – Padre Palotino, Jornalista, Mestrando em Comunicação e Cultura pela Universidade Buenos Aires, Argentina.

    1 Comment

    • Cleber Antonio Soares Oliveira setembro 5, 2025

      Parabéns! Ótima explanação sobre o momento político do nosso país.

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