Nesta quarta-feira, dia 05 de junho foi comemorado o Dia Mundial da Ecologia e do Meio Ambiente. Precisamos reconhecer que existe uma crise ecológica provocada pelos próprios seres humanos, da qual nós seremos as primeiras vítimas. Para cuidar da Terra, como nos sugeriu o Papa Francisco, em sua Encíclica Laudato Si (Louvado Sejas), que aborda o “Cuidado da Casa Comum”, exigem-se “mudanças profundas nos estilos de vida, nos modelos de produção e de consumo e nas estruturas consolidadas de poder” (n. 5). Com certeza, esse propósito não será alcançado se não amarmos a Terra como nossa Mãe.
Faz bem recordar que, quando Deus criou o ser humano, ordenou-lhe “dominar” a terra (Gn 1,28), mas também cultivá-la e respeitá-la: “O Senhor Deus tomou o homem e o colocou no jardim do Éden, para que o cultivasse e guardasse”. O jardineiro respeita a planta e lhe permite crescer, assegurando-lhe condições de sobrevivência. Deus quis, também, implicitamente, que os seres humanos admirassem a criação, quando “fez brotar do solo todas as espécies de árvores formosas de ver e boas de comer” (Gn 2,9). É necessário tratar o mundo criado com respeito, admirar sua beleza e conservar-se em harmonia com ele. Quando o ser humano vive uma relação de exploração e abuso da natureza, corre o risco de encontrar-se frente a uma terra que merece o nome de “Abandonada” ou “Devastada”(Is 62,4).
A Terra é a única casa comum que temos e não cuidar dela, é não cuidar de nós mesmos. Pois, “enquanto durar a Terra, jamais faltarão semeadura e colheita, frio e calor, verão e inverno, dia e noite” (Gn 8,22). Olhar o mundo com olhos novos, sentir admiração por um amanhecer ou um pôr-do-sol, extasiar-se ante a criação, como nos convida Jesus, nestas palavras de “sabor ecológico”: “Olhai os pássaros do céu... Olhai os lírios do campo...” (Mt 6, 26-28). Esta sugestão supõe que não se olhe o mundo com olhos possessivos, nem se substitua o sol e seu esplendor pela fumaça e a poluição.
A raiz da degradação ambiental está na economia que impulsiona um consumo desenfreado, baseada na extração dos bens da natureza em função do lucro sempre crescente e da concentração de riqueza. Quanto mais o ser humano se descuida em contemplar a criação, por causa de uma técnica dominadora e alienadora, mais se desumaniza. Uma natureza respeitada, cultivada e não devastada é um dom para todos. Frente a perspectiva de uma catástrofe ecológica, o ser humano não pode falar apenas do direito à sua vida, mas de direito à vida. Isto é, se a exploração irracional da natureza prosseguir como está sendo feita, em pouco tempo a “casa” do homem vai ruir.
Vale a pena estudarmos a Encíclica Laudato Si, pois trata-se de uma Encíclica de grande profundidade, tanto do ponto de vista dos seus conteúdos, quanto por sua abertura à complexidade dos problemas mais urgentes que desafiam o futuro da humanidade, como, também, por sua forma literária amável e quase jornalística, facilitando a compreensão de todos.
E, reforçados pela mensagem da Encíclica em defesa da casa comum, vamos cuidá-la muito bem para que ela não se torne inabitável. É triste pensar que a natureza fala e que o gênero humano não a ouve. Não esqueçamos que somos apenas passageiros inquilinos da Terra, da qual todos podemos ser despejados por desleixo e mau uso.