Acabo de ler uma história na qual um camponês pegou um filhote de águia e o criou na casa com suas galinhas. A águia cresceu como galinha, agia como galinha, em tudo se parecia a uma galinha.
Um dia, o camponês foi visitado por um naturalista que se especializara nos costumes e hábitos das águias. Quando viu a águia transformada em galinha, disse ao camponês: “O que faz aqui essa águia, que nasceu para voar nas alturas e erguer-se sobre as montanhas, bicando a terra e esgravatando o lixo como uma galinha comum?” Respondeu o camponês: “Já não é uma águia e não sabe voar. Eu a criei como galinha e ela se transformou em galinha”. O naturalista olhou fixamente o camponês e lhe disse apaixonadamente: “Não voa agora, mas tem dentro do peito e nos olhos a direção do sol e o chamado das alturas. O senhor verá como ela é capaz de voar”.
Certa manhã, saíram muito cedo rumo à montanha. Quando chegaram ao cume, o sol nascia. O naturalista segurou a águia com firmeza, seus olhos na direção do sol, e a lançou para o alto. A águia transformada em galinha sentiu o chamado apaixonante das alturas, despertou em seu coração seu ser de águia, agitou as asas, primeiro com certa hesitação, depois cada vez com maior firmeza e se perdeu num voo pleno e cada vez mais seguro no azul infinito do céu.
Dentro de cada um de nós habita uma águia. A educação, os meios de comunicação, a cultura e o ambiente se dedicaram a negar-nos nossa vocação às alturas e a transformar-nos em simples galinhas que esgaravatam o lixo. Assumamos uma educação que liberte a águia que todos carregamos dentro de nós. Descubramos a águia que é cada um de nós e ajudemo-la a empreender o voo de sua liberdade. Para isso, nós precisamos ter descoberto o chamado das alturas, a vocação do ápice.
Há outra versão dessa mesma história que devemos evitar: a águia transformada em galinha envelheceu e um dia divisou muito acima de si, no céu azul, uma ave extraordinária que voava soberana nas alturas, sem esforço, com um suave movimento das asas. A velha águia transformada em galinha olhava assombrada para cima e perguntou a uma companheira qual era aquele surpreendente animal. “É uma águia, a rainha das aves”, respondeu-lhe a galinha. “Mas não pense nisso. Você e eu somos diferentes, nascemos galinhas, não podemos voar”. A águia não voltou a pensar no assunto e morreu acreditando que era uma vulgar galinha.
Às vezes, a vida nos apresenta situações em que é difícil ser águia e sairmos “voando” em direção ao céu dos nossos sonhos e ao sol das nossas realizações, mas temos que acreditar sempre que isto é uma situação passageira e que logo voltaremos a ter o espírito de vitória, lutando para buscar sempre a plena realização de todos os nossos sonhos. E aí, você quer ser águia ou galinha? Quais seus sonhos? Já parou para pensar?