Colunista

A admiração e o respeito

O sorriso plácido da vovozinha que completava 50 anos de casada e a frase que ela disse, logo após as bodas, resume o conceito de um casamento cristão: “Casar é difícil, mas é uma bênção!”. Foi o que disse olhando para o marido que lhe afagava as mãos. Em poucas palavras, essa mulher simples, sem muito estudo, resumiu a teologia e a pastoral do casamento católico: Estamos juntos não porque é fácil, mas porque Deus nos deu esta bênção de um ser uma presença na vida do outro para sempre.

Na verdade, uma mulher que se sente chamada a gerar filhos vai precisar de um homem, que também se sente chamado a gerar filhos e ele precisará dela. Mas, antes de gerarem o filho precisam gerar e administrar o seu relacionamento, nascido da mútua adoção e do amor que evoluiu.

Primeiro foi preciso a admiração e o respeito de um pelo outro. Há coisas que um homem não tem e por isso precisa de uma mulher para completá-lo; há coisas que uma mulher não tem e ela precisa de um homem para completá-la. Cada ser humano vem com algum detalhe. Alguns vêm cheios de detalhes especiais que não só os qualificam, mas também qualificam quem com eles convivem. Quando dois seres, homem e mulher, se amam, a união deles pode gerar um sólido edifício chamado lar. Por isso, não ame pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ame por admiração, pois um dia você se decepciona. Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar um amor sem explicação. Tenha presente que você consegue o melhor dos outros, quando você dá o melhor de você mesmo. A persistência é o caminho do êxito. Além do mais, paciência e perseverança tem o efeito mágico de fazer as dificuldades desaparecerem e os obstáculos sumirem.

Mas formar família é difícil. Se fosse fácil não haveria quase uma separação para cada dois casamentos, como ocorre em alguns países. No Brasil você sabe se a família vai bem ou não. Olhe ao seu redor e no seu bairro. Depois preste atenção nas pessoas famosas na televisão, no mundo da canção, no mundo da moda, nos esportes e na politica. Um grande número deles teve sucesso na carreira, mas nem sempre no amor.

Há sempre a tendência ao egoísmo, a mania de ressaltar o nosso “eu”, a insistência nos nossos direitos mais do que nos nossos deveres. O casamento é direito, mas tem muitos deveres inalienáveis. É feito de “sim”, mas passa por muitos “não”. É delícia, mas também é renúncia. Não se pode fazer o que se quer depois de casado.

Por isso, quem não é capaz de renúncia, quem exalta demais seu “eu”, não se case. Na mesma esteira, quem gosta demais de si mesmo e não cuida da sua comunidade, não se candidate a nenhum cargo politico e nem queira ser padre ou pastor.

Se achamos que o outro é sem importância não estamos aptos para nada. Se nos importamos com ele estaremos prontos para a vida. Estava certa a senhora ao definir os seus 50 anos de casada: “É difícil, mas é uma bênção”. Seguramente ela descobrira a importância do outro! Amar e amar de verdade é regar e fazer brotar a semente da vida a dois, que torna em jardim a terra árida, com flores de fé, esperança e solidariedade.

 

Pe. Lino Baggio, SAC

 

    1 Comment

    • Sônia Schaedler setembro 11, 2025

      Fantástico esse artigo. Realmente o verdadeiro amor supera tudo. O casamento é uma benção e dele nascem lindos frutos.

    Deixe um comentário

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *