Estamos em outubro, mês dedicado à reflexão em torno da missão da Igreja. E, neste ano, não podemos esquecer, somos enviados para testemunhar a esperança, pois a esperança não decepciona. Recordemos que a Igreja é essencialmente missionária e o Espírito Santo é o protagonista principal da missão. O Documento de Aparecida (DAp), quando reconhece e reafirma o “despertar missionário” da Igreja na América Latina e no Caribe, convoca todos os seus membros a se colocarem em estado permanente de missão (DAp 551). Esta convocação nos impele a sair de um marasmo eclesial que leva a um cansaço e estagnação da ação pastoral e a reassumirmos o espírito renovador do Vaticano II, em um permanente diálogo com as diversas culturas, com a sociedade e com o cotidiano das pessoas, nos comprometendo em favor da vida em todos os seus âmbitos (Jo 10,10). Assim, conclamava o Papa Francisco: “Não nos deixem roubar o entusiasmo missionário!” (EG 80)
A comunidade de discípulos missionários deve ser marcada e identificada por uma ação missionária e pastoral atraente, envolvente, personalizada, comunitária, servidora, ministerial e motivadora das relações entre iguais, superando as relações desiguais e testemunhando a comunhão, a acolhida, a misericórdia, a compaixão, a participação corresponsável e atenta às discrepâncias e apelos do mundo e à profundidade da fé.
Atualmente, a configuração social é marcada pela mobilidade, pluralidade e constantes e rápidas mudanças e os fundamentos de estabilidade presente na Igreja, que consiste em “fazer sempre do mesmo jeito,” não conseguem mais responder a estes e outros desafios presentes. Logo, somos desafiados a formar comunidades numa dinâmica pastoral marcada pela mobilidade de uma Igreja em saída. Uma Igreja consciente da sua história, de seus valores e tradições, mas com uma ação missionária e evangelizadora descentralizada, criativa e abrangente.
Uma Igreja em estado permanente de missão exige lucidez e consciência para buscar caminhos que correspondam às necessidades da humanidade, hoje. O Papa Francisco nos dizia: “Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! … prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças …” (EG 49).
Então, uma Igreja que se coloca em estado de permanente missão, vive seu discipulado tendo como referência a simplicidade, a humildade, a escuta, o diálogo, a confiança plena no Espírito Santo, aberta às necessárias reformas espiritual, pastoral e também institucional (DAp 367). Certamente essa mudança só pode ocorrer no agir eclesial, assumindo atitudes permanentes de conversão pastoral (DAp 365), passando de uma “pastoral de conservação” para uma “pastoral decididamente missionária” (DAp 370); consequentemente, abrindo-se para uma renovação eclesial e uma missionariedade presentes em todas as estruturas eclesiais (DAp 365), como recorda o Documento de Aparecida. Todavia, os desafios existem. Não sejamos ingênuos! Mas na força e na escuta do Espírito Santo, estes desafios podem ser superados. Confiantes neste Novo que se apresenta na Igreja e no mundo, caminhemos na alegria e com uma dedicação cheia de audácia e esperança, em atitude permanente de missão. O Papa Francisco nos lembrava: “Não deixemos que nos roubem a força missionária!” (EG 109).
Que Maria, à mãe do Evangelho vivente, a estrela da evangelização, interceda por toda a Igreja, a fim de que nos coloquemos, sem cessar, em estado permanente de missão e, como discípulos missionários, portadores da Alegria do Evangelho.
Pe. Lino Baggio, SAC
